"Guarde somente as coisas que você gosta, materiais, emocionais e espirituais."



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Mãe só tem uma

Hoje eu estava muito ocupada correndo pra dar conta de alguns afazeres inadiáveis quando meu filho me chamou gritando: “Mainhêêêêêêêê...”
Ao mesmo tempo a Dona Diva surgiu, como que do nada e me perguntou alguma coisa que não consegui entender direito; o som da sua voz abafado pelo grito dele.
Olhei para eles inter-caladamente com cara de “que qui tá acontecendo?”
O moleque ficou furioso reclamando que eu nunca o escuto e por sua vez minha mãe reivindicou a atenção imediata.
Como só acontece na minha família, porque nas outras casas todos são equilibrados, os dois começaram a discutir.  
Pensei comigo mesma “Se cobrir dá um circo e se fechar dá um hospício”.
Respirei fundo e só pude sorrir e dizer: “Calma, eu sou só uma”, me lembrando da estorinha que recebi por email há alguns dias atrás.
Transcrevo abaixo a estória para o caso de alguém não ter recebido o mesmo email que eu (Risos). 
A professora mandou os seus alunos fazerem uma Composição tendo como tema: “Mãe… só tem uma”.
No dia seguinte, todos na sala, ela chama o Giovani para ler sua composição e o garoto assim começa:
- Eu estava doentinho, com gripe, não conseguia comer nada, não podia brincar, nem vir à escola. Aí, de noite, a mamãe esfregou Vick Vaporub no meu peitinho, me deu um leitinho quente com um comprimido, me cobriu, eu dormi e, no dia seguinte acordei bonzinho e feliz. “Mãe…só tem uma.”
A classe toda aplaudiu, a professora elogiou, deu dez para Giovani e chamou o Carlos, que já foi logo lendo a dele:
- Eu tinha prova de Conhecimentos Gerais no dia seguinte, não sabia nada e comecei a chorar, achando que ia tirar nota zero. Aí, a mamãe sentou do meu lado, pegou o livro, leu e me explicou tudo direitinho, tomou a minha lição várias vezes e eu fui dormir sossegado. Quando acordei senti que sabia tudo, vim à escola, fiz a prova e tirei 10. “Mãe… só tem uma.”
A classe também aplaudiu Carlos. A professora deu dez para ele também, e chamou o Wandergleidson Silva Júnior – Corinthiano:
- Cheguei em casa, minha mãe que estava na cama, com um cara que não conheço, gritou para mim: – “Wandergleidson Júnior, seu moleque safado, vai lá na geladeira e me traz duas cervejas” – Aí eu abri a geladeira e gritei pra ela: “Mãe… só tem uma.”

Oração da manhã

Estou adquirindo o costume de ir à igreja cedinho para a oração da manhã.
Hoje chegando lá encontrei as portas fechadas, então me lembrei do profeta Isaias: "Buscai ao Senhor enquanto se pode encontrar, invocai-o enquanto está perto." (Is. 55:6).
Fiquei pensativa, imaginando se não demorei demais pra tomar a atitude de sair do comodismo para ir ao encontro de outras pessoas para falar de Deus e ouvir o que Deus tem para me falar através delas. Esse pensamento durou apenas alguns segundos porque na carta de Paulo aos Romanos ele diz que “Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8,28).
Todas as coisas quer dizer "todas as coisas" então acredito que hoje Ele tem outros planos para mim, diferente dos meus.
Parece que a oração da manhã será conforme Mateus 6,6: "... quando orares, entra no teu aposento e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará”.
Até aqui eu publiquei no Facebook, agora vem o resto da história...

Voltando pra casa eu encontrei minha mãe com tontura precisando de mim, vi que ela não tinha tomado os remédios ontem à noite e estava fraquinha, nem tinha tomado o café da manhã; ela sempre se esquece de se alimentar. Então cuidei dela, invertendo a ordem das atividades, colocando em primeiro lugar a ação e deixando pra depois o orar, (orar + ação = oração).
Um amigo já dizia que “A ordem dos tratores não altera o viaduto”, plagiando a regra matemática onde ao multiplicar dois números naturais, a ordem dos fatores não altera o produto, ou seja, multiplicando o primeiro elemento pelo segundo elemento teremos o mesmo resultado que multiplicando o segundo elemento pelo primeiro elemento.
Não sei se com Deus essa regra está valendo, mas Deus às vezes toma atitudes até desencontradas a nosso ver, em favor da pessoa humana, como nos mostra várias passagens da vida de Jesus, então vou acreditar que estou fazendo a coisa da maneira certa.
Terminando de resolver as urgências familiares vim escrever esta postagem (sendo interrompida mais algumas vezes pelo Mais-que-tudo-abaixo-de-Deus, para ajuda-lo com a criação de uma web rádio para a igreja católica) e notei que ao pesquisar para colocar as citações bíblicas no post e ao separar as músicas religiosas para a web rádio eu acabei fazendo a oração da manhã, não do jeito que eu planejei, mas de acordo com a vontade de Deus.

Queimadura

Eu estou sempre fazendo arte na cozinha e hoje não foi diferente.
Fui fritar batata doce e por estar distraída e apressada não sequei as batatas e as coloquei no óleo quente demais. Quente demais não, fumegando. O danado espirrou me causando uma queimadura na mão. Olha só no que resultou a minha imprudência.
Imediatamente coloquei debaixo da água da torneira e pedi pro “Fióte” providenciar uma vasilha de água com gelo e fiquei com a mão ali dentro por alguns minutos até parar de “fritar” minha pele. Demorou uns 20 minutos para aliviar a dor.
Lembrei-me da babosa, fui ao canteiro, cortei uma folha e passei a baba na queimadura. Ainda com dor, coloquei clara de ovo levemente batida em cima da mão babada de babosa.
Ainda bem que meu filho não teve a ideia de filmar, achou melhor sair de perto pra não ver tanto exagero numa única mãe.
Então passei uma pomada analgésica, no momento esquentou mais ainda, mas aos poucos foi passando a dor.
Assim que aliviou a dor na mão percebi que o óleo quente também tinha respingado no braço e passei a pomada, porém não usei a clara de ovo e nem a babosa.
A queimadura no braço que não coloquei babosa e clara de ovo ficou muito manchada, inflamada em volta e com bolhas, mas a queimadura da mão mesmo sendo maior, mas que eu usei a clara de ovo e a babosa está no tom normal da pele e apenas com aquela bolha de “água” que se forma nas queimaduras de 2º grau.
Para mim isso prova que babosa e/ou clara de ovo são eficazes para auxiliar no tratamento de pequenas queimaduras.
Ah, sei que vai demorar pelo menos uma semana pra sarar, mas prometo que NÃO vou furar as bolhas. Acho...
Agora mais calma estou agradecendo a Deus porque foi só um pequeno acidente causado por falta de atenção.
Poderia ter sido bem mais grave. 

O grill


Eu já confessei aqui que, em se tratando de ir pra cozinha preparar quitutes ou guloseimas – quitutes, que palavreado antigo, credo - sou um tanto quanto, digamos, pouco aprimorada, então o mais-que-tudo, talvez numa atitude desesperada de me ajudar nos dotes culinários resolveu, por sua conta e risco, me presentear com um grill.
Grill não, um MULTI SUPER GRILL 2, que aquece, assa, tosta, gratina e grelha, e além de preparar diversos tipos de alimentos ainda tem abertura para bandeja escoadora de gordura. Ah, ele vem com a tal bandeja e acompanha uma espátula de plástico tão mole que não consegui usar, diferente de tantos outros produtos que precisamos comprar os acessórios separadamente. Também pode ser levado à mesa; que útil, não? Além disso, a apresentadora do canal de vendas ainda garante que ligando agora você ganha um utilíssimo adipômetro. O Rodrigo diria: "De boa, grill é pra quem tá de regime mesmo."
No nosso caso penso que o objetivo do querido marido seria apenas comer algo mais saboroso, por isso e para ele, o melhor de tudo foi o livro de receitas que acompanha o produto garantindo um dia-a-dia mais saboroso e saudável. Me passou pela cabeça que ele só me presenteou com esse aparato de fazer bifinhos grelhados por causa do maravilhoso livro de receitas.
Resumindo, o grill já estava comprado, não custava nada fazer cara de alegrinha e botar o bichinho pra fritar.
Posso dizer pra vocês que a carne fica muito boa, sem nenhuma gordurinha, então se o objetivo for fazer regime, é a “panela” ideal.
Porém, sempre tem um ‘porém’ na história, he, he, he, chegou a hora de lavar o tão útil e amado grill, o que me deixou com um "grilo" atrás da orelha: no manual diz que não pode molhar em hipótese alguma, apenas limpar com um pano úmido ou toalhas de papel. 
Ah, tá, vou conseguir tirar toda aquela gordura grudada dos veios da chapa que se diz “antiaderente” apenas com um paninho. Legal!

Querem saber, passei a esponja e enfiei debaixo da torneira apenas cuidando pra não molhar as partes elétricas. Deu certo, só que dá mais trabalho limpar o bichinho do que fazer a comida.

Como disse o R.C.: “Eu não sou contra o progresso, mas apelo pro bom senso”, estou pensando seriamente em voltar a fritar a carne na antiga panela de ferro que ganhei da mamãe faz teeeeeempo.

Depressão é falta de fé

Não, gente, não é falta de fé, é falta de serotonina... 
e outros neurotransmissores como a dopamina e noradrenalina.
Sei lá porque razão, se emocional ou química do cérebro, afinal uma está ligada à outra, na depressão os neurônios deixam de cumprir suas funções normalmente. Resultado: dá a maior zica, já que a mente comanda o resto do nosso corpo, se ela “dá pau” os outros órgãos também ficam desequilibrados.
Em seis meses que esse “mal do século” se alojou em minha linda cabecinha eu já tenho história pra escrever um livro. Não, não vou escrever, prefiro os pequenos textos aqui do blog, pois sempre fui da opinião que texto pequeno a gente guarda melhor na memoria. Também não tenho ânimo pra escrever mais do que uma página.
Adotei o “só por hoje”, dos N.A., em inúmeras atividades do dia a dia. Só por hoje vou ficar bem, tanto quanto consigo e fazer apenas o trabalho que puder. Só no dia de hoje.
Qualquer progresso, por pequeno que seja é bem vindo. Não vou me cobrar tanto, se não der pra fazer nada fico deitada, leio um livro, deixo o tempo curar.
O que quero deixar de concreto é que pra depressão remédio não basta, ajuda bastante no momento da crise porque essa doença nos tira toda a vontade própria, então o remedinho ameniza os sintomas mais fortes para que tenhamos força de reagir, porém colocar a nossa segurança nos medicamentos não é uma grande ideia, pois vai nos tornar dependentes e não vai curar a causa do problema.
A saída? Além dos remédios e terapia o que resolve é a Oração. Ore, converse com Deus, nem que for pra reclamar. Melhor seria pensar coisas positivas e agradecer, mas nesses casos é válido porque você não terá vontade nenhuma de agradecer por nada e Deus conhece teu coraçãozinho. Embora Ele aja muito mais no louvor, Ele também está pronto para te ouvir em qualquer situação. Faça Dele seu amigo mais íntimo.
No auge das crises de depressão eu acabei ficando muitos dias sem comer nada, só tomando agua de coco, minha vesícula e meu fígado não gostaram muito do jejum prolongado e fiquei realmente mal. Isso serviu pra que eu criasse um terço novo. Acho que inventei, mas não descarto a possibilidade de já ter escutado em algum lugar, afinal dizem por aí que nada se cria tudo se copia, rsrsr.

É simples, vou ensinar a vocês:
Nas contas do Pai Nosso a gente reza o Pai Nosso. (Eita, parece óbvio.)
Nas contas das Ave-Marias reza a frase “Livrai-nos do mal”. 
Só isso.  
Parece simples até demais, acontece que nos momentos de crise de depressão e ansiedade era só o que eu conseguia rezar, mas foi de grande ajuda porque evitava que eu pensasse coisas negativas.

Agora uma indicação porque conselho quase ninguém acolhe, se você está passando por um momento semelhante, aproveite para fazer uma poesia, compor uma música, cante, tente se mexer, fazer alguma coisa além de chorar, reclamar ou dormir o tempo todo. Sei que é difícil, mas melhora muito se você não ficar acomodado pensando bobagens.
A atitude mental influencia na saúde do corpo porque tudo o que pensamos nosso subconsciente acolhe como verdade. Independente de ser um pensamento bom ou ruim, de ser real ou imaginação ele trata de fazer acontecer a informação que mandamos como comando.
Vemos tantas vezes na bíblia que através da fé os milagres acontecem.
Se acreditarmos, assim é.
E tenha certeza, tudo tem um propósito e você vai sair dessa bem melhor do que antes.
Nada é por acaso.

Depressão I

De tudo se faz piada, como a charge acima, mas depressão não tem graça nenhuma.
“Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas”.
Martha Medeiros
Eu sempre fui uma pessoa alegre e ativa, mas desde o final do ano passado eu comecei a ter crises de choro e falta de ânimo.
No começo não dei muito importância, achava que era só tristeza, mas com o tempo os Sintomas foram se agravando.
Um belo dia, quando eu estava no mercado fazendo compras, senti uma sensação de morte eminente, com direito a palpitações, fraqueza nas pernas, tontura, suor frio e formigamento no corpo. Achei que fosse ter um infarto. Não, era um ataque de síndrome do pânico que me pegou.
Daí pra cá veio a depressão e a ansiedade crônica. Lógico, eu exagerada que sou, tinha que ter as três doenças ao mesmo tempo. Mas não é mérito só meu, várias pessoas desenvolvem alguns desses transtornos simultaneamente. É que ficamos ansiosos por diversos motivos e essa ansiedade precisa de realizações de contentamento, de prazer para se acalmar e quando não encontra se torna depressão, ou seja, descontentamento consigo mesmo ou com a vida.
Aí vira o caos dentro da cachola, no meu caso eu deixei de fazer as tarefas básicas de casa, deixei o trabalho, deixei de sair de casa e comecei a passar a maior parte do tempo deitada sem vontade de nada. Fui deixando de me alimentar e enfraquecendo. Os remédios não faziam efeito, pioravam o quadro já dramático.
Eu só me sentia melhor quando alguém vinha orar por mim e mesmo assim por poucas horas, no dia seguinte acordava com os mesmos sintomas aterrorizantes.
Troquei de médico e de remédio diversas vezes sem resultado satisfatório.
Uns diziam: “É falta de fé.”.
Eu digo: “Não é não”. É doença e pode atacar o mais fervoroso cristão.
Pior é quando os amigos querem ajudar e dizem: “Você precisa reagir, ter força de vontade”.
Ah, tá! Nem um guindaste me levantaria daquela cama, onde eu iria arranjar a tal força de vontade? Minha vontade era dormir e não acordar nunca mais.
Quando conseguia ligar o notebook eu entrava em blogs sobre o assunto e encontrei muitos testemunhos com os quais me identifiquei muito. A maior parte vinha de pessoas que perderam algum ente querido, perderam o emprego, foram abandonadas pelo marido, outras adquiriram a doença por efeito colateral de algum medicamento como remédios para emagrecer, outras ainda nem sabiam o porquê de estarem assim.
No meu caso identifiquei minha apreensão com a doença da minha mãe como a causa principal para que eu ficasse assim, agravada pelo cansaço do acumulo de tarefas.
Voltando aos blogs...  entre tantas reclamações um testemunho ficou gravado na minha mente. O rapaz dizia: “Quando você estiver em crise, faça o que quiser, se tranque no quarto, grite, se descabele, mas nunca, jamais alimente a ideia de suicídio que insistirá em povoar seus pensamentos, pois pra tudo tem jeito, menos pra morte.”
Tudo passa.
Embora quando estamos numa situação de depressão nós achamos que esse sofrimento nunca vai acabar eu estou esperando passar.
A ajuda de amigos, médicos, religiosos e missionários faz uma grande diferença na recuperação. Saber que não estamos sós nessa luta é o que dá forças pra continuar.
O apoio da família também é imprescindível, porque como se trata de uma doença que não apresenta resultados negativos em exames, alguns podem achar que é fingimento.
Quem dera fosse.
E Deus, claro.
Não posso deixar de lembrar a música do Nelsinho Correia,
“Quem me segurou foi Deus com seu amor de Pai...”.

Presentes são intrasferíveis.


Estamos chegando perto do Natal, época de grandes preparativos para a comemoração do nascimento do Menino Jesus. Alguns, esperam apenas o Papai Noel, fartam-se de comidas e bebidas, trocam presentes e nem se lembram quem é o aniversariante.
Penso que, mesmo sendo um pouco esquecido neste dia, Jesus ainda se alegra pela confraternização dos “homens de boa vontade”, afinal todos se abraçam, sorriem e festejam juntos.
O presente que era pra ser para o Menino Deus será entregue para os familiares, amigos, colegas de trabalho e assim Jesus se sente presenteado conforme Ele mesmo nos disse: “O que fizeres a um desses pequeninos é a Mim que estarás fazendo”.
Fiquei meditando sobre a troca de presentes e me veio na memória um caso não muito recente, mas que ficou marcado.
Há alguns anos atrás o arcebispo de outra arquidiocese veio até nossa cidade em uma de suas raras visitas para rever e matar as saudades de um amigo da sua cidade que se encontrava trabalhando aqui. Este amigo ficou imensamente feliz e passou dias pensando em um presente que fosse agradar o tão esperado visitante.
É difícil comprar um presente para surpreender alguém que ”já tem tudo”. Por fim ele optou por uma garrafa do melhor e mais caro vinho que conseguiu encontrar, providenciou uma linda embalagem que ele mesmo preparou com todo o carinho e ofereceu o presente ao amigo, que agradeceu com muita educação.
Com o arcebispo vieram outros padres e por dois dias passaram conhecendo as belezas do pantanal. Gostaram muito do lugar especialmente por serem tão bem acolhidos pelo amigo.
No segundo dia, em meio a uma conversa informal na mesa do café da manhã, o bispo displicentemente pegou o valioso presente que havia ganhado e, na frente do amigo anfitrião, deu de presente a garrafa de vinho para um dos padres que vieram com ele.
Nada se falou, mas algumas pessoas mais sensíveis puderam perceber que ele tinha feito alguma coisa que não agradou.
À noite, o padre que havia presenteado o bispo com tanto carinho comentou que sentiu certa desfeita pelo ato deselegante de seu amigo. “Poxa, eu escolhi o vinho com tanto carinho e ele deu a garrafa pro outro sem nem provar...”
A visita terminou, foram embora... a mágoa ficou.
Ah, os corações humanos!

Mas essa foi uma lição que eu já havia aprendido muito tempo atrás com a minha amiga Miqui: “Quando ganhamos um presente não devemos dá-lo para outra pessoa.”
É uma questão de respeito e consideração com quem nos presenteou, muitas vezes com um objeto simples, mas colocando nele seu próprio coração. Traduz a mensagem: “Eu lembrei de você com carinho.”
Se for algum sacramental, medalhinhas de Nossa Senhora, terços e santinhos que nós católicos usamos para lembrar do Sagrado, então, será realmente intransferível, pois contém a oração de alguém pedindo a proteção de Deus para aquela pessoa em particular.

Mas sensibilidade aos sentimentos dos outros não é pra qualquer um.

Dor de garganta

Dr House tratando dor de garganta
Eu sempre achei que filhos deveriam nascer com manual de instruções, já que a gente não pode fazer faculdade especializada para pais e só aprende depois que já somos.
Talvez seja por essa razão que em algumas culturas o primogênito recebe grandes regalias. Tem lógica, afinal ele é usado como cobaia em experiências na qual os pais aprendem a criar e educar os outros filhos.
Não quero dizer com isso que filho é tudo igual, pelo contrário, são individuais, e mesmo quando se trata de gêmeos a personalidade de cada um é diferente e a educação nem sempre funciona quando se usa a mesma fórmula.
Outra agravante na difícil tarefa de criar esses “filhotes” é que na cabecinha deles não importa como os pais se esforçam, façam de um jeito ou de outro estarão sempre errados. Bem... até o dia em que eles tiverem seus próprios filhos.
Com o meu moleque não é diferente, a culpa de tudo que acontece é sempre da mãe ou da mãe da mãe, a avó, porém quando a coisa aperta e ele não sabe o que fazer, corre pedindo ajuda.
Adivinha pra quem?...
Hoje ele chegou pra mim reclamando que estava com dor de garganta e eu disse pra ele passar um remedinho. 
Expliquei detalhadamente para que não houvesse erro: - Amor, passa um pouquinho de Cataflan Gel do lado de fora da garganta, no pescoço. Vai melhorar a dor e nem vai precisar tomar o comprimido.
Ele respondeu com ironia: “- Do lado de fora, né? Ainda bem que você avisou!”
Eu nem respondi e continuei com os meus afazeres.
Dai uns cinco minutos fui ver o que ele estava fazendo e o encontrei com o pescoço, queixo e orelhas totalmente melecados. Deve ter usado mais de meio tubo de gel.
Então falei: - Rodrigo, você passou muuuuito gel!
Ele respondeu: - É pra sarar muuuuito depressa!
Dããã!

Quem ama chama

Minha mãe na juventude foi uma mulher religiosa, porém não muito fanática, assim, como a maioria dos católicos, apenas não faltava às missas de domingo e às vezes participava em alguma quermesse. 
Nossa, que antigo! Vou ter que explicar o que é isso: falando de um modo simples, quermesses eram festas paroquiais, realizadas geralmente no dia do santo padroeiro, compostas por manifestações e comidas típicas, barracas e sorteio de prêmios, semelhante aos “bingos” que realizamos hoje. Olha que eu nem pesquisei no Google... mentira, colei do Wikipédia. He, he, he... 
Ela, minha mãe, teve um problema de saúde e deixou de sair de casa, por isso não me levava à igreja e quando eu estava na idade de fazer a catequese nos mudamos aqui pra Miranda e o tempo foi passando com minha educação religiosa se limitando às orações de Pai Nosso e Ave Maria e o famoso “Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador...” que toda mãe acha que basta pra criança ficar livre dos capirôtos do mundo.
Porém os planos de Deus nem sempre são compreensíveis e não sei por que motivo, causa, razão ou circunstância eu sempre fui muito carola, desde pequenininha. Também desde sempre fui apaixonada pelas músicas do Roberto Carlos, mas uma coisa não tem muita ligação com a outra. Como diz o meu amigo Pe. Paulinho, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, a não ser pelo fato dele, o Roberto, ter em seu repertório várias músicas religiosas.
Então voltando no tempo, ainda em São Paulo, me lembro que eu pedia pra minha tia me levar na igreja porque lá eles cantavam algumas músicas do Roberto como “A montanha”, Jesus Cristo”, etc... Isso pra mim era o céu!
Nos anos 80, aqui em Miranda não tinha muitas atrações de diversão e o lugar mais frequentado era o Cine Marabá, localizado onde hoje é o shopping em frente à Praça Agenor Carrilho. Todo domingo na sessão das 19h lotava o cinema e nos dias de semana reprisava o filme do domingo. Mesmo na maioria das vezes já tendo assistido ao filme, os alunos do EERP matavam aula saiam disfarçadamente da escola pra assistir a reprise, pois “valia a pena ver de novo”, não pelo filme, mas pela quebra das regras ditadas pelos pais e professores. Rebeldia natural de adolescente.
Eu, confesso que algumas vezes também consegui escapar do olhar atento da dona “Xepa”, que na época era inspetora de alunos, e fui junto com  a turma pro cinema, mas isso não me dava a sensação de liberdade que eu percebia neles.
No domingo eu também ia ao cinema e quando terminava o filme e eu saía para dar umas voltas na pracinha antes de voltar pra casa via as pessoas saindo da igreja. Isso me dava vontade de estar no meio deles, mas o horário coincidia e se eu deixasse a “turma” pra ir rezar me excluiriam da “tribo”, como um ser de outro planeta que não fala a mesma língua.
Difícil escolha naquela idade, porém pra não pensarem que eu era anormal comecei a dizer que ia ver o filme e entrava na igreja disfarçadamente (como se fosse possível), assistia (hoje participo, o que é diferente) a missa, dava o dinheiro da entrada do cinema no ofertório e voltava pra casa feliz da vida.
Até que um dia minha mãe desconfiou (como mãe descobre essas coisas só fui saber depois que meu filho nasceu) e perguntou como tinha sido o filme.
Ai Jesuis, pensei, e agora?
Então imaginando que minha mãe não conhecesse nada de bíblia comecei a narração:
“Bom, era a história de um carinha que não tava contente em casa e pediu uma grana pro pai e então fugiu com um monte de namoradas, levou uma vida bem legal até que a grana acabou, as mulheres deram no pé e ele voltou pra casa pixado. O pai de tão feliz fez uma “puta” festa (desculpe mas eu falava assim), só que o irmão dele deu pity. Como o pai dele era um cara sabido pádaná ele conseguiu convencer os dois a fazerem as pazes e viveram felizes para sempre.”

Minha mãe, que no meio da história já estava com cara de poucos amigos falou finalmente: “Sei não, tá mais parecendo com a parábola do filho pródigo.”
E eu, com essa carinha de santa que Deus me deu, respondi:
- Pois é, mãe, esses caras de cinema não têm mais ideias novas pra fazer filme e agora começaram até a copiar da bíblia.

Contornei! Rsrsrs.

Cantada failed

A insensibilidade exagerada dos homens muitas vezes chega a incomodar até a mais paciente das devotas de Santa Mônica.
É comum passarmos em frente de alguma obra em construção e ouvirmos o famoso comentário: “- Gostosaaaaa!”.
O que os homens não sabem é que essa palavra tem a seguinte conotação: “ESTOU GORDAAAAA”.
Até aí é suportável. As mais otimistas procuram levantar o ego um tanto decaído, de forma positiva, frequentando mais assiduamente a abandonada academia ou pelo menos praticando uma caminhada de quarenta minutos e trinta e cinco segundos, três vezes por semana, e fica tudo bem.
Outras, com a autoestima já abalada por constantes “elogios” desse porte, acabam se tornando depressivas e agravam a situação aumentando o consumo de doces, chocolates e refrigerantes. O que me parece que aos olhos de alguns homens causa apenas um aumento de “gostosura”. (Aqui não vamos falar sobre problemas de saúde ligados ao colesterol; fugiria do tema principal.)
Então percebemos que temos dois grupos de mulheres.
(As baranguinhas que gostam de vulgaridades estão automaticamente excluídas porque achariam esses elogios o “Ó”).
Eu faço parte do primeiro grupo e tento (nem sempre com muito êxito) manter a forma.
Porém em uma das minhas caminhadas (leia-se pedaladas) me encontrei em uma situação onde o que deveria ser um elogio acabou sendo pior do que ser chamada de gorda.
Estava eu de bicicleta pelas ruas da cidade quando ao passar em frente um bar, tocava no rádio uma “música inédita”, gravada por Milionário e José Rico, denominada Telefone Mudo. Pude escutar somente o trecho: “... já estou cansado de ser o remédio, pra curar o seu tédio...” e fui seguindo meu caminho pensando em como as rimas de algumas músicas são engraçadas e...
Quando de repente ouvi o comentário de um frequentador do tal bar:  -“Ôôô, REMÉDIOOOO!”.
Instintivamente virei para trás e, pasmem,  o “desinfeliz” estava olhando para mim e com cara de quem estava arrasando na cantada.
É prá cabá!

Sei que para os homens, tentar agradar as mulheres não é fácil e, convenhamos que para nós entendermos esses bichos estranhos seres adoráveis do sexo oposto, também é complicado, mas se fosse fácil chamaria Miojo e não relacionamento, porém em tudo há um limite.

É simples e fácil de entender: sermos chamadas de gostosas pelos nossos maridos ou namorados podemos aguentar, mas evitem nos chamar de “MÃE”, “VÉIA” ou coisa semelhante.
Agora, nem tentem fazer experiências nos quais desconheçam os efeitos colaterais, porque chamar uma mulher de “REMÉDIO” é o mesmo que desencadear a ativação automática da transmutação de gatinha dócil para onça pintada prestes a atacar.
Muito cuidado nessa hora!

O carroceiro

Carroça do "seu" Josias

Minha mãe é uma mulher muito atarefada e quando não tem o que fazer ela inventa.
Ontem resolveu limpar os canteiros de plantas, cortar alguns galhos de árvores e quando eu vi o quintal estava tão cheio de entulhos que não daria para colocar na rua, precisaria de um carroceiro pra levar o lixo.
Ela procurou na agenda e não encontrou o telefone do rapaz que ela jura ter anotado na letra “J” de Josias.
Eu tentando ajudar vasculhei a agenda inteira e encontrei no “C” de carroceiro um telefone com a indicação “Carroceiro Vorta”. Estranhei o nome, porém a letra era da minha mãe, só perguntei se servia, mas ela disse não ser o profissional que ela queria e esse “Vorta” ela nem conhecia.
Depois que ela fala que não lembra, não viu ou não conhece, pode desistir... e eu desisti.
Hoje cedo, no açougue avistei por acaso o 'seu' Josias do outro lado da fila, sai de onde estava e quase atropelei o homem; não poderia deixar escapar a oportunidade que caiu do céu. Anotei seu telefone, endereço, número de identidade e cpf , também perguntei sobre um ponto de referência onde poderia encontrá-lo no caso de alguma emergência, afinal mesmo não sendo um profissional da saúde ou policial, se o perdesse de novo e minha mãe ficasse sabendo eu arranjaria um problema de Estado.
Voltei para o final da fila, fiz as compras e cheguei em casa toda feliz, contando pra “Lady Laura” minha façanha da manhã, quando ela me perguntou:
- Você viu o carroceiro e nem mandou ele passar aqui?
Eu respondi, - Ô mãe, eu encontrei o homem, peguei o número do celular dele e avisei que você poderia ligar. Como eu ia saber se você não tinha ligado pro “Vorta” vir buscar os entulhos?
Ela riu.
Bom, até agora estou sem saber o que quer dizer esse nome, mas um dia ele “vorta” e “nóis” fica sabendo o porquê do nome.

A saga de uma dona de casa


“- Muié, cheguei. O que você fez hoje?” 
A pergunta do ‘maisquetudo’ é simples e direta e eu respondo com a mesma simplicidade e sem rodeios: - Cuidei da casa, amor.
Ele: - Mas você não disse que ia trabalhar?
(Muita calma nessa hora)
Senta aqui ao meu lado no sofá e eu explico: - Levantei cedinho, antes de você, preparei o café e coloquei a mesa, então você levantou e tomamos o café juntos. Assim que você saiu eu retirei a louça da mesa, lavei o que estava sujo e guardei o que sobrou na geladeira, aproveitei e tirei a carne do feezer pra descongelar. Sequei e guardei na louça do café e dei comida e água para os gatos.
Ia para o quarto arrumar as camas, mas no caminho me deparei com inúmeros objetos, roupas e sapatos, esparramados pela casa, fui apanhando um por um e colocando nos seus devidos lugares; a roupa suja na máquina (somente a branca, porque as coloridas devem ser lavadas separadamente), coloquei sabão e liguei o tão amado utensílio doméstico. Agora sim, no quarto, organizei tudo, trocando fronhas e lençóis e comecei a limpar a casa. Lembrando que limpar casa consiste em varrer o chão, passar um pano úmido, tirar teias de aranha e o pó dos móveis e por fim encerar o piso. Isso tudo erguendo os moveis mais leves como cadeiras e pufs e arrastando os mais pesados para que possa limpar embaixo.
Fiz algumas pausas, não para descansar, mas para atender pessoas chamando no portão ou pequenas atenções para o filho.
Celular tocando, atendi, resolvi o problema e desliguei logo.
Às 10h, mesmo um pouco atrasada para fazer o almoço tomei um banho rápido e aproveitei para lavar o banheiro. Em seguida fui para a cozinha, preparei a carne, algumas verduras e legumes, arroz e feijão e num vapt-vupt estava pronto o almoço. Bom não foi tão rápido assim, tive que cortar cebolas e descascar o alho, lavar e picar os legumes, mas são detalhes pequenos que não tomam nadica de tempo da gente.
Então você chegou e almoçamos. Um momento em que pude sentar um pouco e conversar com você sobre coisas agradáveis (ou não).
Enquanto você assistia as notícias na TV eu lavei a louça do almoço e estendi no varal a roupa lavada, ação que foi interrompida por você por três vezes, me chamando para comentar sobre o jogo do Corinthians. Se existe um programa exclusivo onde fala de jogos porque tem que repetir tudo no noticiário? Mas tá bom, continuando...
Liguei o computador, chequei os e-mails e adiantei algumas publicações no blog.
Você saiu e eu fui passar a roupa que havia lavado no dia anterior.
Não terminei de passar tudo, tive que deixar pra depois, pois precisava sair para fazer umas compras no mercado e pagar as contas de água, luz, etc.
Quando voltei o sol estava ameno, fui limpar o quintal e molhar as plantas. Recolhi as roupas secas do varal e guardei as que já estavam passadas e na correria haviam ficado esquecidas na cadeira. Aproveitei para arrumar algumas gavetas... Não entendo como sempre estão bagunçadas...
Enfim, tomei um banho e me ajeitei um pouquinho para te esperar, ainda animada em servir o jantar e pronta para um bom bate-papo com direito a beijinhos, sentados juntinhos no sofá, afinal hoje o dia foi tranquilo, sem grandes preocupações, sem cólicas ou enxaquecas. Uma bênção!
Foi quando você chegou estressado porque trabalhou durante horas a fio sentado atrás de uma mesa de som, tendo que ouvir musica e atender pedidos musicais de ouvintes apaixonadas. Um trabalho muito cansativo e eu entendo perfeitamente porque sei que você é um radialista muito ocupado.
Diante disso eu gostaria de te dar um beijinho de boa noite antes de dormir, porém ainda tenho que fechar toda a casa, guardar algumas coisas que estão lá fora, colocar água e comida na vasilha dos gatos, acertar o despertador e zzzzzzzz....
(Desculpe, de tão cansada acabei dormindo no sofá...)

Um mouse diferente dos que estou acostumada


Quatro horas da manhã e acordo num sobressalto com um barulho de dentes rangendo. 
Penso: será que o mais-que-tudo está sonhando que foi num churrasco? Olho pro lado e o bonitinho dormindo como um anjo. 
Quando de repente me deparo com, imaginem só... as hélices do ventilador girando. Não, não estou louca, a admiração vem por ele não estar conectado na tomada. 
Seria uma noite de terror, com direito a fantasmas e objetos inanimados tomando vida simplesmente para me assustar?
Firmo os olhos e percebo um ser vivo querendo se livrar das grades do ventilador. Ele entrou não sei como e tentava sair, mas ele também não sabia de que jeito.
Quando me caiu a ficha (essa frase “cair a ficha” é bem antiga, do tempo em que telefone se chamava orelhão e ficava fixo nas ruas e não dentro da bolsa. Ah, ainda existe? Tá mas ninguém usa)... continuando, quando entendi que aquele vulto se mexendo era um animal roedor da família dos murídeos, pertencente ao gênero Rattus e encontrado em toda parte do mundo , menos na minha casa, eu dei um grito estridente que imagino ter acordado a vizinhança num raio de uns dois quarteirões.
Meu marido deu um pulo e eu gritei que tinha um rato enooooorme dentro do ventilador. 
Detalhe, ele estava ao meu lado e o grito fez com que ele apertasse os olhos num gesto de incômodo sonoro, porém ele tentou me acalmar dizendo gentilmente “cala a boca” e numa fração de segundos pegou alguma coisa, que não vi no momento que era um chinelo e arremessou contra o ventilador.
Será que ele achou que ia matar o rato com uma chinelada? Alow ow, não é barata, é rato. Tudo bem, ele fez o que pode e o rato conseguiu se livrar da prisão, saiu meio zonzo, mancando de uma das patinhas e se escondeu no outro quarto.
Meu marido fez menção de ir atrás e eu gritei de novo: -“Não vai matar o bichinho!”
Ele (o Edenilson, não o rato) me olhou com cara de quem não estava entendendo nada e eu expliquei: “Rato também é um ser humano (ô ow). Tá, tá bom, não é, mas esse aí é tão bonitinho, deixa ele comigo”.
Imagina se eu vou permitir que alguém mate um animal na minha frente!
Fui lá fora e peguei um pano de chão na intenção de capturar o ratinho fofinho e levá-lo pra longe dali. Quando voltei a Mirna, minha gata caçula estava fazendo as honras da casa, dando as boas vindas ao ratinho assustado e tonto da chinelada. Ela estava adorando brincar com o novo amiguinho que, nessa altura dos acontecimentos, se encontrava preso em alguns fios deixados no chão pelo meu marido ou filho.
Me enchi de coragem e com o pano enrolado nas mãos peguei o rato, para levá-lo para fora de casa.
Meu marido ainda ameaçou, “se não matar ele vai voltar”.
Fingi não ouvir, virei as costas e saí pelas ruas para levá-lo o mais longe possível e deixá-lo perto de um bueiro. Dizem que ratos vivem em bueiros, quem sabe ele encontra algum conhecido e resolve morar por lá.
Ao voltar pra casa encontrei meu marido com jeito de bravo por ter sido acordado numa situação tão inusitada e minha gata com carinha de decepcionada por perder o “brinquedo”.
Dei um sorriso de quem não tem nada com isso e fui fazer um café... instantâneo que o convencional eu vou tomar quando amanhecer o dia, na casa da mamy.

A sabedoria do meu pai

Quando era menina eu presenciei muitas cenas de tolerância do meu pai que ajudaram a me formar pra melhor convivência com as pessoas que eu amo.
Um dia minha mãe estava atarefada fazendo mil coisas ao mesmo tempo; nós mulheres temos muito disso, achamos que não vamos dar conta de terminar todo o serviço se não remontarmos afazeres e na realidade nunca terminamos mesmo, pois quando acabamos de lavar a louça do almoço,  limpamos a  casa e passamos a roupa já está na hora de fazermos o jantar e assim sucessivamente; mas neste dia em questão minha mãe dava ares de muito cansaço e acabou se esquecendo da panela no fogão. Quando colocou a comida na mesa o arroz estava todo grudado no fundo da panela.
Meu pai se serviu dizendo: “Eu adoro comer a raspa do arroz”.  Eu não estava entendendo, o arroz estava literalmente queimado.
Depois do almoço, já a sós com ele eu lhe perguntei se era sério que tinha gostado daquela comida.
Ele apenas respondeu: Minha "fia", sua mãe estava realmente cansada e, além disso, arroz queimado não mata ninguém. Ninguém é perfeito e eu também não sou, mesmo se tentar nunca serei um marido, pai ou cozinheiro infalível.
O que temos que fazer é aprender a relevar as falhas do outro suprindo suas necessidades para que o relacionamento seja uma alegria e não um peso. Ela sempre vem em auxílio de minhas deficiências e eu procuro socorrer as dificuldades dela, assim nós dois nos completamos.
Então, "fiínha", se esforce para ser tolerante com os que dedicam um tempo precioso em seu benefício, sem reclamações ou mau humor.
As pessoas nunca vão esquecer se você fizer com que elas se sintam bem, muito menos se fizer elas se sentirem mal.
(Obrigada, MEL.)

Custo de vida

Hoje ao sair para fazer as compras do mês encontrei no mercado uma amiga de infância, de cara fechada, reclamando que o dinheiro nunca dava pra comprar tudo o que precisava e que toda dona de casa deveria fazer um curso intensivo de economia para conseguir administrar os gastos domésticos. Ela ainda dizia: “não sei se o dinheiro é curto ou se o mês é muito longo, porque antes do dia 20 o salário já era. E pra conseguir passar os últimos 10 dias tem que se fazer um malabarismo digno do Mister “M”.
Peraí! Mister M não é o mágico que revelava os segredos dos ilusionistas? Eu nunca soube que ele fosse malabarista. E pelo que parece, nem mesmo Mister M teria a capacidade de explicar alguns fatos relacionados ao sumiço ou aparecimento de dinheiro.

Bem, não importa, o sentido da frase foi entendido, malabarismo ou mágica, a verdade é que temos que nos 'virar do avesso' pra fazer o dinheiro render. O que já deveríamos estar acostumados, afinal crise econômica não é novidade pra ninguém, porém além dos problemas antigos de concentração de renda e exclusão social, agora o mercado financeiro parece nutrir-se dos recursos naturais sem se preocupar com as consequências. Muito pouca coisa se faz para, pelo menos amenizar as maluquices do clima causadas pelos avanços econômicos desordenados (veja protocolo de Kyoto).
Tudo isso aumenta ainda mais o custo de vida.
Explicando de maneira simples, como uma "muié do mei do mato" que sou, se não chover na época certa não vai haver colheita e de acordo com a lei da oferta e da procura, o preço do "feijão" é claro que vai subir.

Voltando às compras no mercado, neste instante eu estava na seção de produtos de limpeza, com uma caixa de sabão em pó em uma das mãos e a outra tentando alcançar o detergente que se encontrava na prateleira acima, virei pra minha amiga e soltei: -Ara, pelo que eu me lembro fui no seu casamento e, se escutei direito, lá na frente do padre você disse “sim, eu aceito”.
Ela respondeu: “Ah, mas não tinha nada a ver com fazer compras”.
Eu: - Ora, ora, não vai dizer agora que ‘o padre me enganou’. Ele pode não ter dito com essas palavras, mas deixou bem claro. Ou você acha que ‘na alegria e na tristeza’ quer dizer o que? A tristeza é o dia da compra no mercado.
Ela: - Então, se for assim, é tarde pra eu me arrepender. E emenda: 
- Que acha da gente dar uma passadinha na seção de chocolates?
- "Demorô”!

Inconvenientes

Algumas pessoas nascem com o dom da inconveniência, outras adquirem com o passar dos anos, mas nenhum deles são vistos com bons olhos por aqueles que os cercam.
Eu não sei se estou ficando velha e ranzinza, mas ultimamente me sinto incomodada quando invadem meu espaço, tiram minha privacidade ou não percebem que os outros não gostam das mesmas músicas que eles principalmente em volume muitos decibéis acima do que pode suportar o ouvido humano.
Estes dias assisti uma reportagem onde moradores de apartamentos reclamavam dos barulhos da vizinhança. Porém esta não é uma regalia de habitantes das grandes cidades.
Hoje mesmo eu teria saído do sério se não tivesse saído de casa.
Já não basta a semana toda agüentando os ruídos sonoros (não é redundância, lógico que existe ruído sonoro, barulho, e também ruído visual, excesso de elementos em uma imagem), provenientes da oficina mecânica e do posto de gasolina ao lado, desta vez o exagero imperou.
Daqui de casa o som que chegava através das paredes lembrava uma festa de peão e o sábado que deveria prometer paz e descanso se tornou um suplício. O lavador do posto em plena atividade, motores em alta rotação, frentistas e borracheiros animados numa conversa sem fim, de repente chega um aparecido (adjetivo e não nome próprio) com o som do carro no último volume, porta-malas aberto e o bate-estaca, aquele tum-tum-tum, causador de danos irreversíveis no ouvido de qualquer ser humano, a mil.
Fazer o que?
Com minha cabeça já latejando e meus tímpanos em estado lastimável, larguei tudo e "vazei" pra beira do rio.

Mãe só tem uma

Hoje eu estava muito ocupada correndo pra dar conta de alguns afazeres inadiáveis quando meu filho me chamou gritando: “Mainhêêêêêêêê...”
Ao mesmo tempo a Dona Diva surgiu, como que do nada e me perguntou alguma coisa que não consegui entender direito; o som da sua voz abafado pelo grito dele.
Olhei para eles intercaladamente com cara de “que qui tá acontecendo?”
O moleque ficou furioso reclamando que eu nunca o escuto e por sua vez minha mãe reivindicou a atenção imediata.
Como só acontece na minha família, porque nas outras casas todos são equilibrados, os dois começaram a discutir.  
Pensei comigo mesma “Se cobrir dá um circo e se fechar dá um hospício”.
Respirei fundo e só pude sorrir e dizer: “Calma, eu sou só uma”, me lembrando da estorinha que recebi por email há alguns dias atrás.
Transcrevo abaixo a estória para o caso de alguém não ter recebido o mesmo email que eu (Risos). 
A professora mandou os seus alunos fazerem uma Composição tendo como tema: “Mãe… só tem uma”.
No dia seguinte, todos na sala, ela chama o Giovani para ler sua composição e o garoto assim começa:
- Eu estava doentinho, com gripe, não conseguia comer nada, não podia brincar, nem vir à escola. Aí, de noite, a mamãe esfregou Vick Vaporub no meu peitinho, me deu um leitinho quente com um comprimido, me cobriu, eu dormi e, no dia seguinte acordei bonzinho e feliz. “Mãe…só tem uma.”
A classe toda aplaudiu, a professora elogiou, deu dez para Giovani e chamou o Carlos, que já foi logo lendo a dele:
- Eu tinha prova de Conhecimentos Gerais no dia seguinte, não sabia nada e comecei a chorar, achando que ia tirar nota zero. Aí, a mamãe sentou do meu lado, pegou o livro, leu e me explicou tudo direitinho, tomou a minha lição várias vezes e eu fui dormir sossegado. Quando acordei senti que sabia tudo, vim à escola, fiz a prova e tirei 10. “Mãe… só tem uma.”
A classe também aplaudiu Carlos. A professora deu dez para ele também, e chamou o Wandergleidson Silva Júnior – Corinthiano:
- Cheguei em casa, minha mãe que estava na cama, com um cara que não conheço, gritou para mim: – “Wandergleidson Júnior, seu moleque safado, vai lá na geladeira e me traz duas cervejas” – Aí eu abri a geladeira e gritei pra ela: “Mãe… só tem uma.”

Como assim?

Todas já percebemos que os homens não nos escutam, até já falei sobre isso aqui mas percebo que eles nos escutam, sim, até porque eles não têm escolha: quando a gente desembesta a falar não há quem nos faça parar. 
Agora, se eles prestam atenção é outra história.

Eu tenho muita sorte, porque os homens com quem convivo não só me escutam, eles também prestam atenção. Juro que prestam! Às vezes eles têm uma paciência de Jó (ou seria Jô?). 
Tem um em especial que presta atenção em tudo.

Bem, quaase tudo.


Um dia estávamos no pátio do salão paroquial conversando com mais um amigo e esqueci o que ia dizer, então falei, “estou ficando meio maluca” ou coisa semelhante, nem lembro direito, mas fazendo alusão ao fato da minha vida estar meio confusa devido a problemas familiares.

Ele disse:
"- É verdade."

Como assim? 
E o carinha nem tinha percebido o que tinha falado.
Mas não tinha volta, eu já estava ofendida. Não falei nada no momento apenas por ter mais pessoas por perto, mas assim que nos encontramos novamente eu reclamei.
Ele pediu desculpas e deu risada, não tinha nem prestado atenção mesmo, foi só concordando. E só de vê-lo sorrindo já fiquei mais calminha. 
Seu sorriso me desarma.

É, pedir desculpas sempre resolve qualquer desentendimento, concordar com as mulheres já precisa de um empenho maior, é absolutamente necessário prestar atenção no que ela disse antes de responder.

A namorada

A namorada do Bebê (leia-se “meu filho de 22 anos”) veio passear na minha casa.
Fiquei tão animada quanto ele, já imaginando noivado, casamento e a casa cheia de netos, mas não disse nada, não sou maluca de assustar os dois.
Mas é normal que eu queira um pouco de barulho de criança por perto, sou filha única e ele idem, e também quero fazer valer o conceito básico que diz que convém aos avós deseducar os netos, então faço planos de dengar, mimar, deixar perdidos, os bebês do Bebê, tanto que acho que Deus está adiando esse acontecimento por pena dos anjos da guarda que terão que fazer hora extra.
Sonhos à parte vamos falar do momento presente.
Então, a lindinha chegou assim de surpresa, seus pais vieram para o bingo da igreja e ela não poderia deixar de aproveitar a oportunidade.
Eu esqueci o tal bingo, mesmo o primeiro prêmio sendo um carro. Deixa, não preciso de carro, preciso de nora (risos) e fui pra cozinha tentar fazer algumas comidinhas gostosas.
Caprichei na salada de frutas imaginando que o filhote poderia se animar em comer junto, ele que tem horror só de ouvir a frase “comida saudável”. Quem sabe ela teria mais poder de convencimento que eu?
Lógico que sim, namoradas tem poder, e ela toda delicada e educadinha tem um jeitinho todo especial de se fazer querida e atendida em suas reivindicações.
Imagino que já deu pra perceber que gosto dela e posso explicar esse sentimento. Ela me cativou, mas uma parte dessa empatia, desse vínculo que criamos se deve por ela ser muito parecida comigo, embora ficasse vermelha a cada mimo que fazíamos.
Lembrei de uma colocação do meu padre quando disse que os homens sempre procuram mulheres parecidas com sua mãe.
Que legal!
Acho que se eu fosse ter uma filha, ia pedir pra Deus uma igualzinha a ela.
O dia passou que nem percebi. Foi muito bom.

Tudo acontece na hora certa

Eu tenho sempre a sensação de que não sou daqui...
Já vivi e pensei tanto nesta minha vida...
Já pensei  em ser médica...  Já me vesti de branco e consultei bonecas de retalhos.
Já fiquei trancada no meu quarto ouvindo música e tocando violão...
Já chorei ouvindo Roberto Carlos... Já dei risada falando muita bobagem... e continuo.
Já senti saudades de lugares onde não fui... E de alguém que não conheci...
Eu já colei na prova... Já fugi da escola pra namorar... Já briguei por causa de namorado.
Já sentei no chão do quarto às 3hs da manhã pra chorar porque ele estava demorando pra chegar.
Já brinquei de queimada na rua... Já joguei xadrez.
Já participei de teatro, grupo de música, desfile escolar...
Já amei quem não merecia, muitas vezes...  Já fui amada e não dei valor.
Já namorei na praça... Já beijei na boca debaixo de um temporal.
Já fui dormir nas nuvens depois de um beijo...  E como o céu fica mais bonito de lá...
Já tive vontade de morrer... E muito mais agradeci pela vida.
Já “voei” da bicicleta para não ir parar debaixo de uma carreta... E a bicicleta ficou irreconhecível.
Já desci o aterro da estrada dentro de um caminhão... E torci o tornozelo.
Já quis sumir... por não suportar minha família... E no dia seguinte estava abraçada com eles.
Já me senti sozinha no meio de uma multidão... Já quis estar só com uma pessoa...
Já saí de fininho... quando na verdade queria sair na “voadora”.
Já rezei o terço caminhando na rua... Já conversei na hora da missa.
Já colecionei cartões postais, moedas, selos... E joguei tudo fora pra desocupar espaço no armário, na gaveta, na vida.
Já paguei uma fortuna num sapato... pra depois dizer, “que besteira!”
Já calei quando devia  gritar... já gritei muito quando devia calar.
Conheci pessoas que passaram pela minha vida... e quando se foram levaram um pedaço de mim... e deixaram um pedaço delas comigo....
Já perdi pessoas... Amores... Anos... Tempo...
Já ganhei bênçãos... Milagres... Curas... Sem merecimento algum.
Eu já... vivi... Não apenas passei pelo mundo.

E cheguei à conclusão de que tudo acontece na hora certa,
da maneira que deve acontecer.

Gostou? Ainda não acabou...

Gostou? Ainda não acabou...
 
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