“Causos” do meu pai

Meu pai era cheio de “contar causos”. Bastava um ouvinte por perto e ele soltava uma história que havia escutado do seu avô ou alguma anedota que tinha a ver com a situação do momento. O mais interessante era a maneira dele contar a piada, muito sério, se divertindo interiormente da cara que fazíamos. Eu me acostumei a esse bom humor e hoje em dia me pego lembrando de algumas das suas histórias e acabo rindo sozinha.

Foi o que aconteceu esta manhã, diante da preguiça que reinou no meu lar doce lar quando os cuecas de plantão estavam se arrumando para sair pro trabalho e resmungando sobre a falta de motivação. Me lembrei do causo do caipira que meu pai contava:

A obra de arte: "O caipira picando fumo" de Almeida Junior

“Diz que” um caipira estava sentado, resmungando: - Aqui não dá... Aqui não dá... Quando pela estradinha passa um homem e pergunta:

- Mas nessa terra não dá feijão?
- Nunca deu!
- Arroz?
- De jeito nenhum!
- Milho?
- Nem brincando!
- Quer dizer que por aqui não adianta plantar nada?
- Ah! ... Se plantar é diferente...

E meu pai arrematava cantando a música do Jeca Tatu:

Oi vida marvada

Não dianta fazê nada.

Pra que se esforçá

Num vale a pena a gente trabaiá.

De manhã cedo, óio pra rocinha

Pra ve se as vez nasceu quarqué coisinha

Mais quar o quê

Não naceu nada não

Prantando nasce

Mais não pranto não!