Quando a bruxa está solta

Parece que desgraça pouca é bobagem, quando a coisa desanda é pra arrasar. Estava indo tudo muito bem, bom demais, tanto que eu já estava quase preocupada, pois quando a esmola é muita, é normal o santo desconfiar. Não deu outra, acordei às 5 da manhã com meu marido dizendo que sua irmã ligou pra contar que a tia deles “mór-reu”. Estava doente e morreu, simples assim.

Ainda meio sonolenta fui levantar e senti uma forte dor no peito, que aumentava de intensidade a cada leve movimento. Apertei, cutuquei no local da dor e senti que não era agora que teria um infarto: a dor era localizada no osso e não dentro do tórax. Busquei pela memória, agora já bem acordada e me lembrei de que no dia anterior havia feito muito esforço separando mais ou menos uns 200 k de chumbadas (não sei se já contei que minha mãe vende material de pesca). Claro que peguei de 10 em 10 k, mas pra quem esteve nos últimos meses levando uma vida mais do que sedentária foi o suficiente pra que meu “lindo corpinho” reclamasse. Agradeci a Deus por ser só isso, afinal acho que essa dor não é "fatalmente matante", passei um cataflan e colei um adesivo de salompas de cheiro irritante. Em seguida o “maisquetudo” foi pro velório (em outra cidade) e eu fiquei chateada e com muita dor, mas fui arrumar umas coisas que estavam em desordem.

Mais tarde tocou o celular e era ele: “Ai, torci o pé e tá muito inchado”! Putz, pensei, manda tua mãe cuidar dessa *****. Normalmente sou mais compreensiva, mas, fala sério, meu peito estava explodindo e eu trabalhando, o que eu poderia fazer para ajudá-lo e ainda nessa distância? Claro que não expressei meu pensamento, apenas ouvi e aconselhei procurar um médico ou pelo menos uma farmácia.

Desliguei o celular e passei o resto do dia injuriada, felizmente todo esse transtorno não mudou minha teoria de que a vida é bela, ô se é.