De tudo se faz piada, como a charge acima, mas depressão não tem graça nenhuma.
“Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é
estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou
consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se
frágil num dia qualquer, sem razão aparente – as razões têm essa mania de serem
discretas”.
Martha Medeiros
Eu sempre fui uma pessoa alegre e
ativa, mas desde o final do ano passado eu comecei a ter crises de choro e
falta de ânimo.
No começo não dei muito
importância, achava que era só tristeza, mas com o tempo os Sintomas foram se
agravando.
Um belo dia, quando eu estava no
mercado fazendo compras, senti uma sensação de morte eminente, com direito a
palpitações, fraqueza nas pernas, tontura, suor frio e formigamento no corpo. Achei que fosse ter um infarto.
Não, era só um ataque de síndrome do
pânico que me pegou.
Daí pra cá veio a depressão e a
ansiedade crônica. Lógico, eu exagerada que sou, tinha que ter as três doenças
ao mesmo tempo. Mas não é mérito só meu, várias pessoas desenvolvem alguns
desses transtornos simultaneamente. É que ficamos ansiosos por diversos motivos
e essa ansiedade precisa de realizações de contentamento, de prazer para se
acalmar e quando não encontra se torna depressão, ou seja, descontentamento
consigo mesmo ou com a vida.
Aí vira o caos dentro da cachola,
no meu caso eu deixei de fazer as tarefas básicas de casa, deixei o trabalho,
deixei de sair de casa e comecei a passar a maior parte do tempo deitada sem
vontade de nada. Fui deixando de me alimentar e enfraquecendo. Os remédios não
faziam efeito, pioravam o quadro já dramático.
Eu só me sentia melhor quando
alguém vinha orar por mim e mesmo assim por poucas horas, no dia seguinte
acordava com os mesmos sintomas aterrorizantes.
Troquei de médico e de remédio
diversas vezes sem resultado satisfatório.
Uns diziam: “É falta de fé.”.
Eu digo: “Não é não”. É doença e
pode atacar o mais fervoroso cristão.
Pior é quando os amigos querem
ajudar e dizem: “Você precisa reagir, ter força de vontade”.
Ah, tá! Nem um guindaste me
levantaria daquela cama, onde eu iria arranjar a tal força de vontade? Minha
vontade era dormir e não acordar nunca mais.
Quando conseguia ligar o notebook
eu entrava em blogs sobre o assunto e encontrei muitos testemunhos com os quais
me identifiquei muito. A maior parte vinha de pessoas que perderam algum ente
querido, perderam o emprego, foram abandonadas pelo marido, outras adquiriram a
doença por efeito colateral de algum medicamento como remédios para emagrecer,
outras ainda nem sabiam o porquê de estarem assim.
No meu caso identifiquei minha
apreensão com a doença da minha mãe como a causa principal para que eu ficasse
assim, agravada pelo cansaço do acumulo de tarefas.
Voltando aos blogs... entre tantas reclamações um testemunho ficou
gravado na minha mente. O rapaz dizia: “Quando você estiver em crise, faça o
que quiser, se tranque no quarto, grite, se descabele, mas nunca, jamais
alimente a ideia de suicídio que insistirá em povoar seus pensamentos, pois pra
tudo tem jeito, menos pra morte.”
Tudo passa.
Embora quando estamos numa
situação de depressão nós achamos que esse sofrimento nunca vai acabar eu estou
esperando passar.
A ajuda de amigos, médicos,
religiosos e missionários faz uma grande diferença na recuperação. Saber que
não estamos sós nessa luta é o que dá forças pra continuar.
O apoio da família também é
imprescindível, porque como se trata de uma doença que não apresenta resultados
negativos em exames, alguns podem achar que é fingimento.
Quem dera fosse.
E Deus, claro.
Não posso deixar de lembrar a
música do Nelsinho Correia,
“Quem me segurou foi Deus com seu
amor de Pai...”.
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