Todas as pessoas, desde que não tenham alguma limitação
física, têm a capacidade de ouvir. O difícil é escutar o outro. Porque ouvir é
apenas perceber ruídos com os ouvidos, porém escutar vai mais além, escutar significa
prestar atenção ao ouvir, sentir o que o outro está falando, entender o que o
outro quer dizer.
Mas, em um dialogo, além de nossa atenção, o outro espera uma
resposta ou um conselho. E muito mais difícil até do que escutar é falar ao
outro de maneira que possa ajudar em alguma questão. Porque falar a gente fala até
demais, joga as palavras ao vento, muitas vezes sem passá-las antes pela razão
e saímos despejando conselhos “furados” sem nos preocuparmos com a consequência
das nossas palavras. Ficamos falando e
falando sem objetivo e sem sentido. Ou então queremos que o outro faça aquilo
que seria conveniente se o problema fosse conosco, nos esquecendo de que a
realidade dele é outra, ele vem com uma bagagem diferente, com experiências que
o torna único, e então o que é bom pra mim talvez não seja tão bom assim pra
ele.
Muitas vezes, no caso em que não sabemos o que falar, o
silêncio ajuda muito. Mas a grande maioria das pessoas não aguenta o silêncio,
se sentem incomodadas.
Então, talvez possa dar um abraço para demonstrar sua amizade ou um olhar
de cumplicidade.
Mas se queremos realmente ajudar precisamos aprimorar o dom do conselho.
Esse dom nada mais é do que escutar o outro com atenção. Ter a sabedoria de dizer as palavras certas para edificar, exortar e aconselhar. E, com discernimento, escolher a hora apropriada e a maneira adequada de dizer essas palavras.
Uma coisa que também dá resultado é questionar o outro sobre
qual atitude ele gostaria de tomar, o que ele pensa a respeito, o que ele poderia fazer que o deixaria feliz.
Acredito que você vai se surpreender com as respostas
descobrindo que o outro já tinha a solução do problema, apenas ele não sabia
disso ou queria uma segunda opinião para se certificar do que é realmente o
certo a fazer.
Em algumas situações também descobrimos que nosso amigo só
queria compartilhar suas mazelas, só precisava de um pouco de
atenção.
Então entendemos que até para sermos amigos precisamos ter o
“dom”, ou melhor dizendo, “os dons”.