Quando eu era bem pequena um dos meus sonhos era ganhar um
tamborzinho de brinquedo.
Talvez por influencia das fanfarras dos desfiles
cívicos ou quem sabe eu tivesse vocação para ser baterista. Tomara que não tenha sido vocação porque nesse caso seria frustrada na primeira infância.
Naquela época eu esperei pelo objeto de desejo por algum tempo e finalmente, com
muito esforço, num belo dia minha mãe me presenteou com o tão sonhado brinquedo.
Minha alegria foi indescritível, tanto quanto passageira,
pois à noite meu pai chegou bêbado e como todo apreciador de produtos etílicos
resolveu fazer gracinha. Bateu com muita força no pequeno tambor furando o
couro que possibilitava o som característico.
Então na minha ingenuidade de criança virei o brinquedo e comecei
a tocar na parte de baixo.
Não é que o abençoado repetiu a façanha e furou o outro
lado, acabando com a minha brincadeira.
Lembro-me que enquanto meu pai se divertia o meu choro era incontrolável e o tamborzinho quebrado
foi jogado num canto onde cada vez que o via lembrava do episódio.
Hoje, depois que cresci, é claro, meus valores mudaram e nem me importo com tamborezinhos, só queria ouvir mais uma vez a risada alegre do meu pai.
Feliz dia dos pais, meu querido, onde você estiver.